terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"...O mistério da Cruz, ainda, não terminou!"



“Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?” (Marcos 8: 34-37)

Nesse testemunho evangélico de São Marcos é interessantíssimo notarmos a necessidade de carregar sua Cruz para ser um verdadeiro discípulo de Jesus. Isso nos traz como referencia um grande amor ao sofrimento, crendo que ele é necessário para a purificação da alma. Assim como o fogo prova o ferro e dele tira as impurezas, é nas puras brasas do sofrimento que nossa alma é desnudada e revela-se como realmente a é. É interessante, também, como é colocado em secundário o amor próprio, pois esse é detrimento da alma, que só frutificada pela caridade.

Apesar de já ter lido Irmão de Assis todo e está na metade de Obra Completas Franciscanas, e ainda não tinha entendido a profundidade apostólica da espiritualidade do Pai Francisco. Como esse filho tão lindo conseguiu abraçar sua Cruz e nele ser glorioso, mesmo sendo o último dos homens. À luz de São Francisco vejo com muito mais clareza a glória de Jesus, pois o Santo nos revelou que a verdadeira glória de Jesus está na Cruz em que Ele foi crucificado, e que só pode ressuscitar quem passou pelo sofrimento da Cruz. Então, chegamos a conclusão que a glória maior de Cristo está em sua cruz sagrada e, principalmente, sangrada!

Ver que São Francisco carregou sua Cruz com amor e devoção não me leva a adora-lo, como muito irmãos rotulam-nos; mas me leva a ver com muito mais clareza a complexidade do plano de Deus e aprimora o meu amor por Jesus e por sua Cruz.

É verdade que me motivo principal de escrever-vos isso não entrou, ainda no seu ápice. O que me chamou mais atenção hoje, que ainda não havia passado por meu coração (talvez houvesse passado por minha cabeça; mas não, ainda, por meu coração), é o fato de o Evangelho estar vivo. Ele ainda acontece em meio a nós. As curas, os milagres, os desprezos, os amores, os leprosos, os cegos, os apóstolos, os caminhos, os desertos... E tudo isso me leva a ver como, ainda, Jesus está verdadeiramente vivo, vivendo tudo e renovando tudo. Isso me leva, também, a ver a infalibilidade do mistério da Cruz que é renovado na Santa Missa. A necessidade de o mistério evangélico não terminar!

Diante os planos divinos, hoje vejo com clareza suficiente para falar a todos, o porquê dos santos. Eles vivem e revivem o Cristo que não está morto. Novos apóstolos, novo povo, povo santo; são provas vivas do amor de Jesus e, muito mais que palavras, usam a própria vida pra nos falar disso. Como não admirar-me com pessoas que, sem nada pedir em troca e com uma fé impressionante, seguiram fielmente tudo aquilo que está escrito no evangelho. Elas, em suas respectivas vidas, admitiram Jesus e viveram os próprios mistérios que Jesus viveu, cumprindo, assim, o que o próprio Cristo falou em seu Evangelho: “Muitos viram e farão mais do que eu fiz”. Claro que os santos não fizeram nada por mérito próprio, mas com a divina misericórdia de Deus, e eles eram cientes de tal fato.

E o que só vem a confirmar tão grandioso ato é o fato de não haver falhas em tal doutrina (católica). Ao lermos um pouco mais sobre a bíblia e a vida dos santos, vemos que se encaixam perfeitamente e complementam-se. Os verdadeiros santo, não só aquele que a Igreja atestou que são santos, pois a Santíssima Sede Apostólica, por limitações humanas, não tem acesso a todas as pessoas, são provas vivas, ou na terra ou no céu, de que o mistério do Evangelho ainda é recorrente em nossa vida. Como o mistério evangélico concentra-se na Cruz, não é de se admirar que o mistério de tantos santos rodem ao redor da sua Cruz.

Talvez não notemos, mas os cegos ainda hoje clamam por cura, nos irmãos que pedem esmola; os leprosos de antigamente são desprezados nos presídios de hoje; os doutores da lei, fazem o mesmo que antes faziam: “roubam” o dinheiro do povo; os fariseus crucificam Jesus, nos mais pobres.