quinta-feira, 9 de julho de 2009

"...E vós, quem dizeis que Eu sou?..."

-- Jesus sabia que estava causando polêmica. Ele sabia que o que Ele falava estava causando agitação nos corações. Por que é assim, não é? Quando vemos a verdade, ela é como um "pipoco" em nosso coração. Ela meche com nossas estruturas e não nos deixa igual, por isso já proclamava a Santa Igreja: "Tua palavra, em meu coração, é como chuva; passa e deixa suas marcas!". Então, com uma entoação de questionamento Ele pergunta: "O que dizem as multidões sobre mim?". É interessante notarmos que já existia na época a velha fofoca. O dizer popular que a ninguém escapa. E esse dizer atingiu até o próprio Cristo. O mais interessante não é a primeira pergunta de Jesus, mas a segunda: "E vós o que dizeis que Eu sou?!"
-- A meu ver, Ele pergunta isso para ver como está o coração dos Apóstolos, eles que muitas vezes não entendiam o que falava Jesus. Então, ele vem com essa pergunta inquietante: "E vós quem dizeis que Eu sou?!...". O que você responderia? Talvez hoje responderíamos: "Senhor és nossa vida, nosso Amor, nosso Bem Querer, nosso Deus". E provavelmente agiríamos como Pedro, nós o negaríamos até três vezes!
-- Outros diriam: "Senhor, vós sois O Caminho, A Verdade e A Vida!". Mas essa é a questão da atualidade: "Qual o caminho, O que é a verdade e Vida, o que é?!". Infelizmente, hoje vivemos numa profanação do Sagrado, uma conturbação de valores. E tudo isso por causa da, como disse o bem-aventurado Papa João Paulo II, "Ditadura do Relativismo!".
-- Hoje, tudo é relativo, nada é absoluto. Existem vários caminhos, pois todos estão certos. O que está certo é para mim e não para você. Então, torna-se absoluto o meu relativo e esse meu relativo já não é relativo, mas absoluto em si mesmo! Esse mal da sociedade atual é uma questão filosófica fácil de ser discutida, porém difícil de ser debatida. Pois, a partir do momento em que negamos uma base absoluta, como conseguiremos "um chão de apoio para pular?!". Eis que vos falarei a realidade: O relativismo filosófico é mais uma tentativa do homem de ser deus! Pois ele se torna absoluto e torna-se inexorável sob a sua perspectiva. "Verdade" irrevogável da ignorância! Mais uma vez a necessidade do homem de querer ser deus.
-- O relativismo filosófico é em si mesmo (desculpa ser tão claro, mas essa é a verdade) burro! Ele não nos leva ao desenvolvimento intelectual (falando apenas como um ateu) e (falando agora como um verdadeiro católico) não nos leva ao aprofundamento mistagógico (mistagogia = adentrar no mistério). Ele nos leva uma verdadeira dubiedade: Se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; como existem vários caminhos, várias verdades e varias vidas??!!
-- De fato, isso era esperado, pois o caminho é estreito (Mateus 7: 13-14); e é muito mais fácil conforma o caminho consigo do que se conformar ao caminho! Infelizmente, principalmente no renascimento, foi pregado a Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Tais propostas são inovadoras e até interessantes, mas, com exceção da Fraternidade, são confusas, dúbias e obscuras.
-- Como viver a igualdade, se todos somos diferentes e cada um de nós temos nossas perspectivas, então gera-se uma deformação de caráter, pois todos temos que ser igual. Porém a verdadeira igualdade não se prega a partir de um molde preparado; mas pela aceitação das diferenças e do Amor fraterno.
-- Que liberdade é essa que aprisiona? Não queria dizer libertinagem? Pois é hoje o fruto que vejo do renascimento. Como eles disseram: "Queremos nos libertar dos laços da Igreja". Pra que? Pra se lançar nos laços do pecado e da libertinagem. Para justificar suas obras más. Para disfarçar de bom aquilo que na sua essência não é! Bem-aventurado João que disse que a "Luz veio ao mundo e os que não estavam na Luz, eram filhos das trevas, queriam expulsar a Luz por que ela denunciava as más obras dos filhos do mundo e é nisso que consiste a perdição" (Cf. João 3: 19-21). E é isso mesmo, queremos conformar a realidade de Cristo a nossa, por que, por pura preguiça e conformidade, não agüentamos nos conformar a forma do Crucificado.
-- Filhos, como querer largar a Cruz, se ela, apesar de dolorosa, é o caminho da salvação! O caminho é estreito e único, conformai-vos com ele! (Mateus 7: 13 - 14). Até quando tentaremos dizer que existe vários caminhos?
-- O pecado é literalmente como a escuridão, quanto mais adentramos nele, mais ficamos cegos e desorientados. E quando estamos a muito tempo sem ver a Luz e quando Ela aparece, qual a nossa reação imediata? Fugimos dela, pois ela irrita nossos olhos! Mas depois nossos olhos se conformam com Ela, e é nisso que consiste seguir a Cristo: deixar que nossos olhos se conformem com a Luz dele! E é interessante notarmos que já não seremos mais apenas observadores da Luz, mas nós seremos transparentes e deixaremos que essa Luz transpasse-nos. Assim como aconteceu com Moisés, que resplendia a santidade em seu rosto ao ponto de ele literalmente ser iluminado, Jesus nos promete: "Vós sois a Luz do mundo!" (Cf. Mateus 5: 14).
-- A vós chamo a verdade, para que saiam da ignorância do relativismo. De fato, não devemos dizer que tudo é absoluto; pois existem coisas relativas, na superfície. Mas tudo em sua essência é absoluta. Já dizia Santo Agostinho: Se um coisa não é boa sob uma perspectiva, ela deixa de ser boa, pois já não é boa em sua essência. De fato, se algo é bom, é bom na plenitude! Santo Agostinho chegava a dizer que o que é ruim não existe (Pode parecer uma absurdo, mas se meditarmos, o que é difícil para a sociedade atual, veremos que é verdade). O que ele quis dizer é que o que é mal é a busca pela inexistência. É a busca pelo vazio, pelo nada! Então tudo que há é bom e o que é mal não há. De fato vemos que se buscamos a Deus, buscamos o Tudo; mas se não o buscamos, nada buscamos; buscamos a inexistência (a morte de espírito).
-- A vós só tenho um desejo: A felicidade na plenitude, destino do qual fomos criados!


Obs.: Por experiência própria, falo que é muito melhor está acorrentado a Jesus; do que preso ao mundo!