"Então os escribas e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; puseram-na no meio e disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério. Ora, Moisés na lei mandou-nos apedrejar tais mulheres. Que dizes tu pois? Diziam isso para o tentar, a fim de poderem acusar. Porém Jesus, inclinando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Continuando, porém, eles a interrogá-lo, levantou-se e disse-lhes: Quem de vós está sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Mas eles, escutando isso, foram-se retirando, um após outro, começando pelos mais velhos; ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Então Jesus, levantando-se, disse-lhe: Mulher, onde estão os que te acusam? Ninguém de condenou? Ela respondeu: Ninguém Senhor. Então disse Jesus: Nem eu te condeno; vai e não voltes mais a pecar." (João 8:1-11)
Essa passagem é belíssima e alguns detalhes não podem passar em branco em nossa leitura. A primeira é a renovação do Velho Testamento em Novo testamento. Jesus, em nenhum momento, rompe com a Lei de Moisés (a Antiga Aliança) porém ele veio pregar uma coisa nova às nossas vidas: O AMOR. Ele, porém, podia ter dito: "O que Moisés falou de nada vale", porém ele, sabendo da importância da Antiga Aliança não o fez. Isso mostra que devemos dar uma grande importância ao que já foi dito ao povo de Deus, porém mais importância ainda devemos dar aos ensinamentos de nosso Irmão Maior. A partir do momento em que Jesus prega profundamente o Amor, ele revela aos que acusavam a mulher que suas antigas atitudes eram provenientes da soberba e do ódio. Interessante notarmos a atitude de Jesus. Enquanto os Homens da Lei e Anciãos vem acusa-lo, querendo assim dizer que Ele estava errado e que era profano segundo Deus, ele numa simples atitude prega o Amor ao extremo: " ...Quem de vós está sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra...". O Amor é imenso e nunca acusa (quem acusa, e é profissional nisso, é o demônio), mas dá uma Palavra de Sabedoria. Suas palavras nesse momento perfuraram o coração daqueles que ali estavam a acusar Madalena, penetrou no mais intimo das entranhas deles e eles notaram que não deviam acusar aquela mulher. Talvez, se fosse outra pessoa a falar, que não Jesus, eles não teriam ao menos escutado e teriam apedrejado tal mulher. Porém Jesus, antigamente e atualmente, vem com palavras de mais penetrantes que uma espada de dois gumes, Ele vem e cura nossos coração com palavras que muitas vezes não são fáceis de escutar, mas é para o nosso próprio bem.
Devemos notar também a atitude simples de Jesus, que muitas vezes passa despercebida ao lermos: Jesus inclina-se! Nesse momento ele, de uma maneira real, coloca-se "à altura" da adúltera. Rebaixa-se totalmente, e o faz por Amor. Como pregar o amor estando sendo superior? Não tem como, ele tinha que se baixar e estar ao nível da mulher, que estava ali, jogada ao chão. Prostra-se e olha nos olhos da mulher. Não em sua imensa superioridade, mas em sua imensa pobreza e humildade. Pois sabia que era assim que Ele seria escutado, que Ele colocar-se-ia no lugar dela. Ele revela-nos que não devemos olhar para os outros de cima para baixo, mas nos rebaixar totalmente e, se preciso, olharmos de baixo para cima. Ele no diz que devemos estar no patamar de quem acolhemos. Por exemplo: Ao acolhermos um pobre que está sentado no chão, não olharmos de cima para baixo (de uma maneira espiritual e carnal), mas nos abaixarmos e nos colocarmos realmente no lugar do irmão acolhido. Como o Santo Irmão não farias isso, ele que se rebaixou a condição humana (Filipenses 2:8) e fez-se o último dos homens, segundo foi profetizado (Isaías 53:3). Ele que poderia ter tudo que quisesse escolheu nos ensinar como verdadeiramente amar; nasceu em uma manjedoura em meio aos animais; fez-se pobre durante toda a vida; sendo Deus, deixou-se cuidar por uma mulher (Maria) e a obedeceu com grande amor; sendo Ele o Batismo Perfeito, deixou-se batizar como os pecadores da época; recusou a si mesmo, entregou sua vida por nós, morreu por nossos pecados, Amou até a última gota de sangue; ressuscitou pra mostrar que a morte é muito pequena diante de tão grande Amor; não satisfeito, humilhou-se e fez alimento de nossa'lma através da Santíssima Eucaristia.
A graça do perdão é, também, abertamente falada nessa tão linda passagem: "...Ninguém de condenou? Ela respondeu: Ninguém Senhor. Então disse Jesus: Nem eu te condeno...". Nisso o Cristo confirma a graça do perdão que damos e que recebemos. Se não condenamos os nossos irmãos por suas atitudes, também Deus não o condenará. Notamos, claramente, que o perdão é uma linda atitude de amor que o próprio Deus nos deu, pois se amamos nosso irmãos não queremos que ele sejam condenado por sua atitude. Perdoemos-nos uns aos outros, mesmo que seja muito difícil ou que nosso irmão tenha errado seriamente conosco; pois Cristo, sendo acusado por coisas que não tinha feito, foi morto na Cruz. Mesmo em meio a todo o sofrimento que passava, tanto no âmbito carnal como no âmbito espiritual, pediu ao Pai que nos perdoasse. Fomos perdoados não por merecimento,. mas pela infinita misericórdia do Senhor. Sejamos misericordiosos para com nosso irmãos.
Pelo ministério dado a Igreja, Cristo nos dá o sacramento da Confissão. É lindo o ato de se confessar. Nos colocamos na posição de Jesus, na medida da humildade e reconhecemos que somos pecadores diante de um homem santo, o Padre. O sacerdote não nos acusa, não nos julga. Faz como Jesus fez, acolhe nossa pequenez, nos dá a Palavra de Sabedoria, que o sacerdote tem pelo mistério dado a Santa Igreja ("...Pedro tu és pedra, e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja..."[Mateus 16:18]), e oficializa o perdão de Deus. Muitas vezes os Sacerdotes nos dá um simples e lindo conselho quando terminamos a confissão, ele diz: "Vai e não voltes mais a pecar..." as próprias palavras de Cristo. Uma vez um confessor me disse uma coisa, que julguei muito coerente. "Quando nos confessamos nos tornamos crianças em Deus".
Mas a graça de confessar não basta a oficialização do Sacerdote e sua Bênção, é necessário, para fazermos uma santa confissão, estar ciente de que erramos; nos arrepemder de tais erros; nos propor a mudar e reverter nossa situação e só então nos confessarmos sacramentalmente. Muitas vezes dizemos: "Mas Deus já me perdoou". Devemos tomar cuidado com isso. Deus sempre nos perdoa, porém quando dizemos isso, muitas vezes, é o nosso medo de nos rebaixar em falar nossos erros aos Santos Sacerdotes, medo que Eles nos julguem (o que não acontecerá), enfim, é nossa soberba! "Ora, se nós nos julgamos a nós mesmos não seriamos com certeza julgados. Mas, quando nós somos julgados, somos castigados pelo Senhor, para não sermos condenados com este mundo"(I Coríntios 11:31-32). E é por isso que o confessor nos aconselha atitudes para mudar e oração que devem ser feitas.
Para fazermos uma boa comunhão é necessário estarmos em estado de graça. Caso contrario, o que poderia ser nossa salvação, torna-se a nossa perdição (I Coríntios 11: 27-29). Na última ceia, quando é que Judas Escariotes saiu correndo para entregar Jesus? Depois de receber seu Corpo, na primeira missa que fora celebrada pelo próprio Jesus e que Ele entregara seu corpo e seu sangue aos seus apóstolos. Por que Judas não estava em estado de graça naquele momento, logo comeu e bebeu sua própria condenação.
Não comunguemos como antes, mas queiramos estar sempre cheio de graça para o Pão dos Anjos ser a graça de salvação em nossa vida. Corramos para a confissão sempre que necessário e não temamos ser humildes aos pés de Jesus por meio do Sacerdote.
"Quando nos confessamos nos tornamos crianças em Deus".
sábado, 6 de setembro de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)