quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"...Dai-lhes vós mesmos de comer..."

--“Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. Sendo a hora da já muito avançada, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: ‘O lugar é deserto e a hora já muito avançada. Despede-os para que vão aos campos e povoados vizinhos e comprem para si o que comer’. Jesus lhes respondeu: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’. Disseram-lhe eles: ‘Iremos e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?’ Ele perguntou: ‘Quantos pães tendes? Ide ver’. Tendo-se informado, responderam: ‘Cinco, e dois peixes’. Ordenou-lhe então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E sentaram-se no chão, repartindo-se em grupos de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes elevou eles os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os aos discípulos para que lhos distribuíssem, e repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixes. E os que comeram dos pães eram cinco mil homens”. (Marcos 6: 34-44)


--O primeiro fato que devemos atentar em tal passagem é que “Jesus olha para aquela multidão e sentiu compaixão dela”. Quem dera que fossemos como Jesus, olhássemos para as multidões e tivéssemos compaixão dela. É triste vermos tantas pessoas que andam como “ovelha sem pastor”. Pessoas que ficam vagando em busca da felicidade, em busca de “deuses”, coisas que as completem. Uns dias atrás, fui ao shopping. Na época, estava um filme sendo lançado e alguns amigos meus iam assistir, ai eu fiquei observando aquela multidão de jovens, todos vestidos com as roupas dos personagens, etc. (Não estou criticando, mas estou analisando um caso entre outros vários que acontecem); e me lembrei rapidamente: “E Jesus teve compaixão deles, pois eram como ovelhas sem pastores”. Fiquei a me questionar quantos estavam ali buscando, diretamente ou indiretamente, um sentido pra vida. Quantos ali estavam ali se deixando levar pelos “ventos do mundo”?!
--A minha atitude muitas vezes quando vejo a multidão não é de compaixão; mas, de certo modo, de critica. Pois digo, comigo mesmo, que elas deveriam procurar um verdadeiro objetivo na vida, uma coisa que não passa. Apesar de minha indagação interior ser relevante e até de boa fé, porém a atitude certa não seria a de julgamento; mas de compaixão. Olhar para aquela gente e saber que elas têm uma história, que são pessoas normais cheias de traumas e dificuldade, cheias de amor e de alegria, também. Então, Jesus, na atitude de compaixão, o que faz? Fica inerte? Não, pelo contrário, Ele foi e ensinou-lhes muitas coisas. Ele falou aquilo que tinha que ser falado de maneira simples e humilde, de tal forma que todos escutaram. Dera nós fossemos como Jesus, ao ver as pessoas buscando essas vãs alegrias deveríamos ensinar onde está a verdadeira felicidade.
--Outro fato curioso é o da multiplicação do Pão, propriamente dito, e suas conseqüências. Primeiro os discípulos, como “aspirantes” de seguidores de Jesus (digo aspirantes, pois eles só foram compreender claramente a mensagem messiânica após estarem cheios do Espírito Santo, Paulo afirma que essa efusão ocorreu no Pentecoste; já João afirma que essa inspiração, esse Ruah, foi em uma das aparições de Jesus ressuscitado), começam a notar, como conseqüência de um coração sensível e preocupado com os outros, que as pessoas possivelmente estão com fome, pois é “já era tarde”. Os apóstolos, vejo eu, que tomaram ao fundo a profundidade antropológica do ensinamento de Jesus e entenderam que as pessoas, mesmo aquelas que seguem Jesus, continuam sendo pessoas e tem necessidade, sejam elas físicas, psicológicas ou espirituais.
--Mas logo após essa profunda atitude de compaixão da parte dos apóstolos, eles mostram que ainda não estão completamente entendidos das coisas de Jesus: “Disseram: ‘O lugar é deserto e a hora já muito avançada. Despede-os para que vão aos campos e povoados vizinhos e comprem para si o que comer’”. E logo Jesus responde: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles então, confusos com a afirmação: “Iremos e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”. Ao analisar tal ato deles de pergunta se devem comprar os pães, vejo neles a nossa humanidade ainda manchada pelo apego as coisas do mundo; pois queremos resolver tudo a partir da matéria (no caso, do dinheiro), e não temos, por conseguinte, um aprofundamento nas coisas de Deus.
--Jesus diz: “Dai-lhes vós mesmo de comer”. Revela por fim a missão dos apóstolos de Igreja, convida aos apóstolos a dividir o pão; convida a todos comerem, porém o apóstolos a dividirem, revelando a necessidade um órgão organizador (para aqueles que dizem que não precisa de Igreja...). Vejo já como uma profecia do trabalho pastoral que os apóstolos farão. Com a partilha do pão eucarístico e com a partilha do pão material, Jesus revela a profunda relação de nossa caminhada espiritual com a nossa vida cotidiana. Revela-nos que devemos olhar para o alto e almejar às coisas do alto, mas não devemos tirar os pés do chão. Mas também revela que: primeiro as coisas do alto e o resto vos será acrescentado (Cf. Mat 6: 25-33).
--Jesus, então pergunta: “Quantos pães tendes? Ide ver.”. Jesus insiste que as coisas não se resolvem segundo as ordens do mundo, mas os Filhos da Luz devem agir e resolver tudo segundo as ordens do alto. Logo a surpresa toma de conta, uma criança tem cinco pães e dois peixes. Esses pães e peixe são, então, divididos e partilhados por todos. Refiro-me à surpresa não pelo milagre em si, mas principalmente por dois fatos: os pães e peixes vem de uma criança, que não tinha lugar nessa sociedade, ninguém esperava nada das crianças; e outro fato consideravelmente importante é a organização das pessoas e a partilha do pão.
--Segundo uma visão complementar agora, notamos que primeiro Jesus manda procurar os pães e eles acham o alimento exatamente de quem não esperava: de uma criança. As pessoas são convidadas a sentarem em grupos de pessoas e então o pão é dividido, multiplicado e partilhado. Com isso, Jesus nos revela que devemos buscar primeiro às coisas do alto, e essas coisas do alto busca-la nas coisas pequenas aqui da terra. Revela, também, que nada faltará com organização e partilha.
--Como diz a Bem-Aventurada Mãe Igreja, em uma de suas orações eucarísticas “caminhando em meio às coisas que passam, busquemos às que não passam”. E isso não nos tira o compromisso de buscá-la em nossas ocupações, em nossos trabalhos e em nossa vida cotidiana. Deus não nos convida a fugir de nossa vida; mas nos convida a santifica-la segundo a ordem do desejo d’Ele. E, por fim, na ordem desse desejo é que se consuma nossa felicidade e complementaridade.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"...E vós, quem dizeis que Eu sou?..."

-- Jesus sabia que estava causando polêmica. Ele sabia que o que Ele falava estava causando agitação nos corações. Por que é assim, não é? Quando vemos a verdade, ela é como um "pipoco" em nosso coração. Ela meche com nossas estruturas e não nos deixa igual, por isso já proclamava a Santa Igreja: "Tua palavra, em meu coração, é como chuva; passa e deixa suas marcas!". Então, com uma entoação de questionamento Ele pergunta: "O que dizem as multidões sobre mim?". É interessante notarmos que já existia na época a velha fofoca. O dizer popular que a ninguém escapa. E esse dizer atingiu até o próprio Cristo. O mais interessante não é a primeira pergunta de Jesus, mas a segunda: "E vós o que dizeis que Eu sou?!"
-- A meu ver, Ele pergunta isso para ver como está o coração dos Apóstolos, eles que muitas vezes não entendiam o que falava Jesus. Então, ele vem com essa pergunta inquietante: "E vós quem dizeis que Eu sou?!...". O que você responderia? Talvez hoje responderíamos: "Senhor és nossa vida, nosso Amor, nosso Bem Querer, nosso Deus". E provavelmente agiríamos como Pedro, nós o negaríamos até três vezes!
-- Outros diriam: "Senhor, vós sois O Caminho, A Verdade e A Vida!". Mas essa é a questão da atualidade: "Qual o caminho, O que é a verdade e Vida, o que é?!". Infelizmente, hoje vivemos numa profanação do Sagrado, uma conturbação de valores. E tudo isso por causa da, como disse o bem-aventurado Papa João Paulo II, "Ditadura do Relativismo!".
-- Hoje, tudo é relativo, nada é absoluto. Existem vários caminhos, pois todos estão certos. O que está certo é para mim e não para você. Então, torna-se absoluto o meu relativo e esse meu relativo já não é relativo, mas absoluto em si mesmo! Esse mal da sociedade atual é uma questão filosófica fácil de ser discutida, porém difícil de ser debatida. Pois, a partir do momento em que negamos uma base absoluta, como conseguiremos "um chão de apoio para pular?!". Eis que vos falarei a realidade: O relativismo filosófico é mais uma tentativa do homem de ser deus! Pois ele se torna absoluto e torna-se inexorável sob a sua perspectiva. "Verdade" irrevogável da ignorância! Mais uma vez a necessidade do homem de querer ser deus.
-- O relativismo filosófico é em si mesmo (desculpa ser tão claro, mas essa é a verdade) burro! Ele não nos leva ao desenvolvimento intelectual (falando apenas como um ateu) e (falando agora como um verdadeiro católico) não nos leva ao aprofundamento mistagógico (mistagogia = adentrar no mistério). Ele nos leva uma verdadeira dubiedade: Se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; como existem vários caminhos, várias verdades e varias vidas??!!
-- De fato, isso era esperado, pois o caminho é estreito (Mateus 7: 13-14); e é muito mais fácil conforma o caminho consigo do que se conformar ao caminho! Infelizmente, principalmente no renascimento, foi pregado a Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Tais propostas são inovadoras e até interessantes, mas, com exceção da Fraternidade, são confusas, dúbias e obscuras.
-- Como viver a igualdade, se todos somos diferentes e cada um de nós temos nossas perspectivas, então gera-se uma deformação de caráter, pois todos temos que ser igual. Porém a verdadeira igualdade não se prega a partir de um molde preparado; mas pela aceitação das diferenças e do Amor fraterno.
-- Que liberdade é essa que aprisiona? Não queria dizer libertinagem? Pois é hoje o fruto que vejo do renascimento. Como eles disseram: "Queremos nos libertar dos laços da Igreja". Pra que? Pra se lançar nos laços do pecado e da libertinagem. Para justificar suas obras más. Para disfarçar de bom aquilo que na sua essência não é! Bem-aventurado João que disse que a "Luz veio ao mundo e os que não estavam na Luz, eram filhos das trevas, queriam expulsar a Luz por que ela denunciava as más obras dos filhos do mundo e é nisso que consiste a perdição" (Cf. João 3: 19-21). E é isso mesmo, queremos conformar a realidade de Cristo a nossa, por que, por pura preguiça e conformidade, não agüentamos nos conformar a forma do Crucificado.
-- Filhos, como querer largar a Cruz, se ela, apesar de dolorosa, é o caminho da salvação! O caminho é estreito e único, conformai-vos com ele! (Mateus 7: 13 - 14). Até quando tentaremos dizer que existe vários caminhos?
-- O pecado é literalmente como a escuridão, quanto mais adentramos nele, mais ficamos cegos e desorientados. E quando estamos a muito tempo sem ver a Luz e quando Ela aparece, qual a nossa reação imediata? Fugimos dela, pois ela irrita nossos olhos! Mas depois nossos olhos se conformam com Ela, e é nisso que consiste seguir a Cristo: deixar que nossos olhos se conformem com a Luz dele! E é interessante notarmos que já não seremos mais apenas observadores da Luz, mas nós seremos transparentes e deixaremos que essa Luz transpasse-nos. Assim como aconteceu com Moisés, que resplendia a santidade em seu rosto ao ponto de ele literalmente ser iluminado, Jesus nos promete: "Vós sois a Luz do mundo!" (Cf. Mateus 5: 14).
-- A vós chamo a verdade, para que saiam da ignorância do relativismo. De fato, não devemos dizer que tudo é absoluto; pois existem coisas relativas, na superfície. Mas tudo em sua essência é absoluta. Já dizia Santo Agostinho: Se um coisa não é boa sob uma perspectiva, ela deixa de ser boa, pois já não é boa em sua essência. De fato, se algo é bom, é bom na plenitude! Santo Agostinho chegava a dizer que o que é ruim não existe (Pode parecer uma absurdo, mas se meditarmos, o que é difícil para a sociedade atual, veremos que é verdade). O que ele quis dizer é que o que é mal é a busca pela inexistência. É a busca pelo vazio, pelo nada! Então tudo que há é bom e o que é mal não há. De fato vemos que se buscamos a Deus, buscamos o Tudo; mas se não o buscamos, nada buscamos; buscamos a inexistência (a morte de espírito).
-- A vós só tenho um desejo: A felicidade na plenitude, destino do qual fomos criados!


Obs.: Por experiência própria, falo que é muito melhor está acorrentado a Jesus; do que preso ao mundo!

sexta-feira, 27 de março de 2009

"...E tu, o que fazes por sua Igreja?!"

--"Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, aonde vais tu? Respondeu-lhe Jesus: Para onde vou não podes tu agora seguir-me, mas seguir-me-ás mais tarde. Disse-lhe Pedro: Por que não posso eu seguir-te agora? Darei a minha vida por ti. Jesus respondeu-lhe: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que me tenhas negado três vezes." (João 13: 36-38).
--Essa passagem é uma forte exortação de Jesus. Antes de tudo, releia calmamente.
--"Por que não posso seguir-te agora?!". Essa indagação de Pedro é pertinente e bastante curiosa; revela ansiedade, e até mesmo uma atitude sem pensar. Porém, Jesus, conhecedor da verdade plena, fala-o: "Não cantará o galo três vezes e me negarás!". Jesus pergunta, antes: "Darás a minha vida por mim?", com essa indagação ele deve ter penetrado no íntimo de Pedro e essa pergunta deve ter ressoado no peito dele: "Darás a vida por mim?, Darás a vida por mim?...".
A exortação que falo é esta: Quantas vezes, por emoção declaramos que daríamos a vida por Jesus? Quantas vezes fazemos promessas a Ele que não nos empenhamos fielmente a fazer? Quantas vezes tomamos decisões inseguras, incertas e imprecisas; por pensar que as atitudes, junto a Cristo, são momentâneas? Ai de nós... Jesus fala "vós ainda não podeis fazer isso". Isso é uma grande atitude de amor e de respeito, pois, nesse momento em especial, Jesus coloca-se profundamente entendedor da humanidade, e não quereria infligi-la por uma atitude de emoção. Ele sabia que um dia seus discípulos derramariam o sangue por amor a Ele, mas ainda não era tempo, eles ainda não estavam preparados (Notemos que os discípulos só tiveram a coragem de anunciar, com intrepidez, o Evangelho quando foram ungidos pelo Espírito Santo, ate então não entendiam perfeitamente o Evangelho. Só com o auxílio do Divino Espírito podemos entender e amar Jesus). Jesus, resumindo, disse: Não tenham pressa, cada coisa no seu tempo.
--O fato de deixarmo-nos agir por paixões de sentimentos mostra-nos o quanto ainda precisamos seguir a Cristo com fidelidade, precisamos nos converter, pois a atitude de pegar a Cruz não pode ser tomada de uma hora pra outra. Tomar a Cruz às costas é uma atitude para a vida, e não apenas um sentimentalismo ou algo impulsionado pelo desejo de querer dar a vida por Deus, desejo esse que muitas vezes não nos é tão claro, já que não se torna ação verdadeira de vida. Quando falo isso, não falo que o desejo de seguir a Jesus em sua Cruz não deve ser desejado; mas não é o nosso desejo que nos permite isso, é a simples misericórdia de Deus. Pois o Amor que temos a dar pra Deus, só é válido quando provém do próprio Deus, e esse movimento de Amor é permitido graças ao Divino Espírito.
--Falando em misericórdia, tenho que atentar para um fato: muitas pessoas se indagam, principalmente com relação ao uso de sacramentais, crucifixos e outros sinais externos, que eram para demonstrar um verdadeiro testemunho, sobre a dignidade do uso de tais artefatos. Quando perguntamos: "Cadê teu Tau?", respondem: "Não uso, pois não sou digno". Atentemos para isso, pois tal resposta é infeliz, pois digno, digno mesmo, não somos nem da vida já que está é-nos dada por misericórdia, e nem por isso essas pessoas deixam de ter o desejo ardente de viver. Cuidemo-nos, pois, muitas vezes, isso é o medo de dar o testemunho, de seguir a frente, de cumprir, aos olhos da sociedade, o compromisso que fizeste com Cristo. Falar que não somos dignos é verdade à medida que não envolvemos a misericórdia de Deus, pois, a partir do momento que clamamos a misericórdia de Deus, seria até mesmo um sacrilégio contra Jesus Crucificado declararmo-nos indigno, pois "Deus mandou seu Filho Unigênito para que todo aquele que n'Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna". (Cf. João 3:16), somos dignos pelo próprio Sangue de Jesus, na qual Ele nos remiu.
--De fato somo fracos ao seguirmos Jesus, e é nisso que consiste a verdadeira humildade: Nada querer ter, nem mesmo forças, para ver que toda a sua força está em Cristo. Quando Cristo pergunta a Pedro "Darás a vida por mim." é isto que Ele quer mostrar: teus pés ainda não estão sobre a pedra, a rejeitada que tornou-se a pedra angular. Esse mesmo Pedro, que fez grandes promessas de amor, mas que negou Jesus três vezes e que, por falta de sabedoria divina, queria que Jesus não fosse à Cruz (Cf. Mateus 16:21-25), foi o mesmo que se entregou por Jesus, e junto a Ele, numa Cruz. Deu um verdadeiro testemunho de fé, claro, quando chegou a hora, quando sabia que passos ele estava dando. E, antes de morrer, deu testemunho grande de fé ao sustentar, por ordem de Cristo (Mateus 16:18), a Igreja que Jesus queria por seu corpo místico.
A ordem, dada a Pedro, estende-se a todos nós da Igreja: "Sobre ti, edificarei a minha Igreja". E nós muitas vezes negamo-a, simplesmente por 'amor' as nossas convicções, note que não escrevi 'amor' com letra maiúsculo, visto que esse 'amor' não é verdadeiro, pois não há um desejo ardente de ser doar, mas quer ficar somente em si mesmo. Uma vez, ouvi numa pregação do Pe. Roberto (Fundador da Fraternidade Toca de Assis) ele falar que "a barca de Pedro está sendo destruída por dentro". Onde está o testemunho de fé? Onde vemos o amor ardente à Sagrada Eucaristia? Onde vemos sacerdotes que são inflamados por seu ministério? Onde vemos fieis que desejam o Cristo mais do que a própria vida? (Não digo que não existe, mas digo que é pouco).
--A pergunta pra você é: "Até quando irás dizer que conhece a Jesus por palavras, e o negará por atos" (Cf Tito 1: 15-16). E tu, o que fazes, hoje, por sua Igreja. Falo sua não para individualizar; como nossa mente, permeada de uma vivencia capitalista de tudo, tende a ser; mas para falar que a Igreja Católica é SUA!
--Pelo contrário, é muito mais fácil notarmos pessoas que, por um prazer sádico (desculpa a palavra), falam mal da Igreja e continuam a participar das missas, comungarem e, em alguns casos, a celebrarem. Quando quebrantarás a nossa hipocrisia, oh Senhor? Quando tu negar-nos-á, pois o negamos aqui na terra!
--Abro revistas, televisões, jornais, internet e tornou-se grande chamariz dos leitores a crítica a Igreja Romana. O pior é que muitas dessas críticas partem de corações que lotam as igrejas, estruturais é claro, pois a Igreja Celeste é formada por um povo santo; são os próprios católicos que estão a criticar a sua Igreja, e criticas sem fundamento algum e, muitas vezes, pelo simples fato de criticar e falar mal. As pessoas praticam suas iniqüidades e, por verem que a Igreja não balança junto ao remecher da sociedade, sente-se ameaçadas pela verdade. "A condenação está nisto: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más". (João 3: 19). As pessoas querem a Igreja sejam a favor de coisas erradas somente pelo fato de quererem que suas consciências fiquem "tranqüilas" ao praticarem suas iniqüidades.
--Eis que a Igreja foi criada pelo próprio Cristo foi fundada para dar testemunho da verdade, e assim sendo não poderia ser diferente. E conhecemos a Igreja pelos frutos que ela deu: Quantos mártires? Qual a maior influência na formação ética da sociedade? Qual o maior órgão caritativo do mundo? Quantas pessoas tiveram mentes brilhantes pelo simples testemunho da fé (Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, São Francisco, São Pe. Pio, São Pedro Julião Eymard...)? Eis que o testemunho da verdade é pleno, quando digo pleno não digo que invariável, visto que o Espírito Santo age de acordo com a necessidade (Agiu em São Francisco diferente de Santo Agostinho, que foi diferente de São Tomás de Aquino, etc. E nem por isso deixa de ser o Espírito a ungir a mostrar o caminho. São caminhos aparentemente diferentes, por virtude da época, circunstancias, etc, porém todos fundados no mesmo caminho: Cristo Jesus (Cf. João 14:6)). Porventura, pode de uma fonte jorrar água doce e água salgada? Claro que não, então como poderias a Igreja ser fonte de vida e de morte (visto que a mentira tem como conseqüência final a morte) como alguns professam? Tirando que criticar a Igreja é duvidar do ministério de Pedro, que foi entregue pelo próprio Cristo.
--Então temos que saber onde está o nosso coração. Pois onde está o nosso tesouro, ai, também, está o nosso coração (Mateus 6: 21). Temos que nos decidir firmemente onde queremos entregar nossa vida e ter a coragem final de gritar, como São Francisco: "O Amor não é Amado, O Amor não é Amado!!!!".

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"...O mistério da Cruz, ainda, não terminou!"



“Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?” (Marcos 8: 34-37)

Nesse testemunho evangélico de São Marcos é interessantíssimo notarmos a necessidade de carregar sua Cruz para ser um verdadeiro discípulo de Jesus. Isso nos traz como referencia um grande amor ao sofrimento, crendo que ele é necessário para a purificação da alma. Assim como o fogo prova o ferro e dele tira as impurezas, é nas puras brasas do sofrimento que nossa alma é desnudada e revela-se como realmente a é. É interessante, também, como é colocado em secundário o amor próprio, pois esse é detrimento da alma, que só frutificada pela caridade.

Apesar de já ter lido Irmão de Assis todo e está na metade de Obra Completas Franciscanas, e ainda não tinha entendido a profundidade apostólica da espiritualidade do Pai Francisco. Como esse filho tão lindo conseguiu abraçar sua Cruz e nele ser glorioso, mesmo sendo o último dos homens. À luz de São Francisco vejo com muito mais clareza a glória de Jesus, pois o Santo nos revelou que a verdadeira glória de Jesus está na Cruz em que Ele foi crucificado, e que só pode ressuscitar quem passou pelo sofrimento da Cruz. Então, chegamos a conclusão que a glória maior de Cristo está em sua cruz sagrada e, principalmente, sangrada!

Ver que São Francisco carregou sua Cruz com amor e devoção não me leva a adora-lo, como muito irmãos rotulam-nos; mas me leva a ver com muito mais clareza a complexidade do plano de Deus e aprimora o meu amor por Jesus e por sua Cruz.

É verdade que me motivo principal de escrever-vos isso não entrou, ainda no seu ápice. O que me chamou mais atenção hoje, que ainda não havia passado por meu coração (talvez houvesse passado por minha cabeça; mas não, ainda, por meu coração), é o fato de o Evangelho estar vivo. Ele ainda acontece em meio a nós. As curas, os milagres, os desprezos, os amores, os leprosos, os cegos, os apóstolos, os caminhos, os desertos... E tudo isso me leva a ver como, ainda, Jesus está verdadeiramente vivo, vivendo tudo e renovando tudo. Isso me leva, também, a ver a infalibilidade do mistério da Cruz que é renovado na Santa Missa. A necessidade de o mistério evangélico não terminar!

Diante os planos divinos, hoje vejo com clareza suficiente para falar a todos, o porquê dos santos. Eles vivem e revivem o Cristo que não está morto. Novos apóstolos, novo povo, povo santo; são provas vivas do amor de Jesus e, muito mais que palavras, usam a própria vida pra nos falar disso. Como não admirar-me com pessoas que, sem nada pedir em troca e com uma fé impressionante, seguiram fielmente tudo aquilo que está escrito no evangelho. Elas, em suas respectivas vidas, admitiram Jesus e viveram os próprios mistérios que Jesus viveu, cumprindo, assim, o que o próprio Cristo falou em seu Evangelho: “Muitos viram e farão mais do que eu fiz”. Claro que os santos não fizeram nada por mérito próprio, mas com a divina misericórdia de Deus, e eles eram cientes de tal fato.

E o que só vem a confirmar tão grandioso ato é o fato de não haver falhas em tal doutrina (católica). Ao lermos um pouco mais sobre a bíblia e a vida dos santos, vemos que se encaixam perfeitamente e complementam-se. Os verdadeiros santo, não só aquele que a Igreja atestou que são santos, pois a Santíssima Sede Apostólica, por limitações humanas, não tem acesso a todas as pessoas, são provas vivas, ou na terra ou no céu, de que o mistério do Evangelho ainda é recorrente em nossa vida. Como o mistério evangélico concentra-se na Cruz, não é de se admirar que o mistério de tantos santos rodem ao redor da sua Cruz.

Talvez não notemos, mas os cegos ainda hoje clamam por cura, nos irmãos que pedem esmola; os leprosos de antigamente são desprezados nos presídios de hoje; os doutores da lei, fazem o mesmo que antes faziam: “roubam” o dinheiro do povo; os fariseus crucificam Jesus, nos mais pobres.