terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Shema Yisrael...

--“Ouve, ó Israel: Senhor nosso Deus é o único Senhor! Portanto, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força. Que estas palavras que hoje te ordeno estejam em teu coração. Tu inculcarás aos teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando em teu caminho, deitado e de pé. Tu as atarás também à tua mão como um sinal, e serão como um frontal entre os teus olhos; tu as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas.” (Deuteronômio 6: 4-9)
--Ouve, Israel, ouve!
--Estava eu, irmãos, meditando esses dias, sobre a humanidade, sabe. Sobre as nossas incoerências e prioridades. Deparei-me, então, com um fato triste: o maior pecado da humanidade, é a idolatria; pensei eu que era o pecado contra a pureza e a soberba. De sobremaneira, hoje, estou sendo mais direto, notarão? Então, gostaria eu de poder partilhar minha indignação convosco.
--De fato, o falo tal, por notar que as pessoas preferem seguir às suas convicções ou às ideologias do mundo do que amar a Deus com todo o seu entendimento, sua alma e sua força. Deus nunca nos pediu outra coisa senão tal, não nos imbuiu de inúmeras leis, ou no colocou fardos em nossas costas. Pelo contrário, preferiu Ele mesmo fazer tais coisas para que não nos fosse necessário fazer (e se fizermos é por pura e espontânea atitude deliberada de amar).
--Na prática, o que vejo é: temos a disposição de andar quilômetros para ir a uma festa, beber, farrear, etc. Mas não nos detemos em andar alguns quarteirões para participar do Santo Sacrifício da Missa. Temos a simples disponibilidade de coração para passar a madrugada toda em uma festa, dançando; mas não fazemos nada quando se trata em adorar e vigiar pelas coisas de Deus. Forçamo-nos a rigorosos regimes para saciar às mínimas vaidades; mas jejuns... alguns chegam até a dizer que não é vontade de Deus!
--De fato, tudo isso que falei não temos a obrigação em fazê-lo, e nem espero, que por uma determinação hipócrita alguém deseje fazer isso; simplesmente expus a verdade tal qual ela é. Tentei expor a realidade de nosso coração que tem o nosso tesouro nas coisas da terra. E se nosso tesouro, aquilo pelo qual mais lutamos, está na terra, ai também estará nosso coração (cf. Mateus 6: 21).
--Loucura desse mundo, loucura mesmo. Abandonar aquilo que é eterno pelo preço do prazer, pelo preço que nenhum pecado pode pagar. Ah, se as almas soubessem o preço que elas custam. Se soubéssemos o preço de cada chaga aberta de Cristo, de cada gota de sangue. Se soubéssemos o preço de cada alma que se perde, não seriamos tão corruptíveis.
--Um dia, um irmão, estava me falando sobre o que a tradição fala sobre o sofrimento de Jesus no horto das oliveiras. Foram três horas de sofrimento:O inimigo lhe apresenta o quanto ele tem que sofrer pelo pecado da humanidade; os anjos mostram o quanto ele deve sofrer em expiação de cada pecado e pelo santificação de cada alma; o inimigo mostra as almas que, apesar de todo o Amor que Cristo distribuiu livremente, escolherão por não amá-lo e irão se perder. Nessa última hora, foi a hora em que Jesus suou sangue, pois pior do que sofrer é sofrer em vão!
--Nossa disposição é, ainda hoje, muito farisaica. Dizemos que amamos a Deus, dizemos que o adoramos. “Todos conhecem a Jesus!”. Loucura do mundo dizer isso, hipocrisia nossa. Poucos são os que realmente conhecem a Jesus, Ele não é uma marca, é uma pessoa que vive, tem identidade, e não é algo.
--Muito me dói entrar nas Igrejas e ver pessoas se perderem em tantas conversas vãs, muitas vezes com Jesus exposto no Santíssimo Sacramento, exatamente na hora em que Jesus “se despe” de sua condição divina para se mostrar tal como é. Muito triste tal realidade, muitas vezes se trata a Jesus como algo morto, ou um “poço dos desejos” onde se coloca uma moeda e se faz um desejo: espera-se então que ele atenda.
--De fato, em contrapartida, fico muito feliz por ver a misericórdia de Deus, e o Amor que Ele manifesta a cada um desses. Fico feliz por saber que Ele não nos escolheu por merecermos, ou por fazer algo. Nos escolheu de graça, e é de graça que nos dá tudo, é de graça que nos Ama. Então, não precisamos nos dispor por proposições hipócritas de fazer tais e tais coisas para agradar a Deus, pois só o Amor pode o agradar verdadeiramente e nenhuma miséria, mesmo a mais grave, pode o entristecer ou fazer com que Ele nos deixe à mercê.
--Irmãos, alegremo-nos, pois o Amor a nós foi manifestado e sim nós temos que exultar de alegria n’Ele. Só n’Ele consiste toda a alegria, só n’Ele. Não adianta buscarmos no mundo aquilo que n’Ele não iremos encontrar.
-- “Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
--E nos Amou tanto que nos qualificou como filhos, e nos deu a mesma herança que só Cristo é dignitário de tão grande mérito; mas o “Amor não sabe medir” (Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face)! Por que recorremos a felicidades tão vãs se a nós ela é manifestada de graça.
--Não nos preocupemos nem quando nos chamarem de loucos, por que Amamos a Cristo com todo o nosso coração entendimento e nossa força, e colocarmos Ele no centro de nossa vida, não nos preocupemos, pois: Esse é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e exultemos. Alegremo-nos principalmente quando buscarmos a Cristo de todo o coração e por amor a Ele formos perseguidos (cf. Mateus 5: 11).
--Luz e Paz, da parte da Nossa Alegria.

domingo, 31 de janeiro de 2010

"Despiram-no!"

--Nesses últimos dias, meditando um pouco sobre a Paixão do Nosso Senhor, me chama muito atenção às profecias (verdades) que são reveladas pelas pessoas que hão de maltratar e crucificar o nosso Deus.
--Muito me impressionei, primeiramente, pelo fato de que tais verdades serem reveladas de maneira tão hostil e muitas vezes, até mesmo, ridicularizadas. Como que por ironia, o que eles falavam era verdade. Então, faz ressoar em nosso peito o grito de Jesus : "Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!". Injuriá-lo-ão, exatamente aqueles a quem ele veio salvar, e o injuriarão por não o reconhecer como Deus. Acreditem, o que mais doeu no sofrimento de Cristo na Paixão não foi as chagas, a coroa, as feridas, nem mesmo as injurias; antes disso, foi saber que mesmo perante toda o seu sofrimento, ainda assim, haverão corações que preferiram a perdição e não escolheram por Ele.
--Muito dói a Cristo aqueles que não o reconhecem como Deus, por isso Nossa Senhora, quando aparece em Fátima, fala: "Rezai assim: Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-vos. Peço-vos perdão por todos aqueles que não crêem, não adoram, não esperam e não vos amam". E a verdade de que Cristo é Deus é exatamente o motivo de sua condenação. Quando Pilatos o pergunta se Ele é Filho de Deus, o que ele responde? Vós o dizeis: Eu sou! (Cf. Lucas 22: 70). Quando Jesus fala: Eu sou. Ele não se revela somente como Filho de Deus, mas como o próprio Deus (Iahweh: Aquele que é). Não haveria sentido em crucificar uma pessoa que se declara Filho de Deus, pois todos os Judeus se consideravam Filhos de Deus. Jesus é penalizado exatamente por que Ele se manifesta Divino.
--Então já notamos a primeira grande verdade manifestada no começo da Paixão, que infelizmente nem todos conseguem notar: Cristo se revela como Deus, e por isso é condenado. Quantos de nós não admitimos a divindade de Cristo e por isso o levamos para Crucificar em nosso próprio ser? Pobre de nós, que não reconhecemos a Cristo como o nosso Deus.
--Então Jesus é levado a Pilatos e o que nós notamos, em meio a tantos tumultos e questionamentos? Que Pilatos questiona o Reinado de Cristo. Então Cristo se manifesta como o Rei, e não um rei. Afirma que é Rei e até mesmo Pilatos o consegue reconhecer, em meio a tantas confusões "Tu o dizes: eu sou Rei", é como se Jesus respondesse: Tu sabes que eu sou Rei (Cf. João 18: 33 - 37). Mas não fitar-me-ei nesse fato. Gostaria de dar uma ênfase especial à Verdade proclamada por Cristo. Jesus se manifesta como anunciador da verdade. Quem é testemunho da verdade, se não os profetas? Então, notemos que Cristo já se manifesta como o verdadeiro Profeta, aquele cujo toda verdade se encerra. Ele é testemunho da verdade que é Ele próprio. Porém, Pilatos, por cegueira, não pode admitir, pela fé, que Jesus é Rei e Profeta, por que falta a sinceridade em seu coração, e além do mais o Deus de Pilatos é outro: não me refiro aos deuses romanos, mas ao dinheiro e a sua posição social, esses, sim, eram os Deus de Pilatos. Pois, se admitisse as verdades de Cristo, seria expulso de seu cargo e enfrentaria a revolta judaica. É triste ver que não foi só Pilatos que preferiu a outros deuses, e é exatamente por essas pessoas que escolhem outros deuses que Cristo, nosso Deus, sofre.
--Então, o que acontece depois? Cristo é levado para ser coroado com uma "formidável" Coroa de Espinhos (Cf. Mateus 27: 27 - 31). Então os soldados o colocam uma coroa em sua cabeça, o despe e escarnecem d'Ele dizendo: "Salve, rei dos judeus!". Nessa evocação é claro a manifestação de Cristo como Rei; mal sabem tais soldados que por meio de injúrias proclamam grandes verdades, fundamentais a nossa fé. A Coroa de Cristo, não é uma coroa que o mundo possa se rejubilar, não há glória humana nenhuma, revelando e reiterando a afirmação que Ele mesmo nos propusera: "Meu reino não é desse mundo" (Cf. João 18: 36). O Reino de Cristo não é afirmado nos prazeres do mundo, mas no Amor, pois na Paixão não se manifesta a dor de Deus e, sim, a sua misericórdia que é manifestação máxima de seu Amor. "De suas chagas não saíram nem sangue, nem dor. Só saíram Amor!".
--E por fim, os soldados, pela misericórdia de Deus, nos manifestam outro grande atributo de Jesus: És sacerdote eternamente, segundo a ordem do Rei Melquisedec. "Os soldados, quando crucificaram Jesus, tomaram suas roupas e repartiram em quatro partes, uma para cada soldado, e a túnica. Ora, a túnica era sem costura, tecida como uma só peça, de alto a baixo." João 19: 23). A túnica do sacerdote é que devia ser sem costura, de alto a baixo. Cristo, na Cruz, se manifesta como o sacerdote universal, em que não entrega um sacrifício humano e imperfeito, mas é o próprio Deus que se sacrifica por cada um de nós. Graças ao sacerdócio de Cristo, hoje, podemos ter a certeza de que Deus nos escuta em nossas orações, pois não o invocamos por nosso méritos mas pelo méritos de Cristo. Qual a função do sacerdote? Não é a de juntar o céu e a terra? De fato, Cristo, pelo mistério da sua Cruz, se manifesta como aquele que junta céu e terra. Por seu mérito, já hoje, poderemos gozar da alegria do mundo que há de vim por meio da esperança. Cristo então se manifesta como Sacerdote, que junta o céu e a terra, como sacrifício perfeito de expiação dos pecados de toda a humanidade, e ele mesmo se apresenta como o altar, pois sofre mais em si mesmo, dentro de si, do que em suas chagas por fora. Graças a Cristo, podemos ter a esperança da salvação, coisa inacessível àqueles que viviam antes de Cristo (de fato, eles não foram para a perdição eterna, mas foram para a mansão dos mortos, onde esperavam a vinda de Cristo).
--Outro fato impressionante é o fato de Jesus ser despido. Quando Jesus é despido, Ele revela sua humanidade na integridade e se mostra tal como Ele é, sem medo de ser julgado, ou vergonha da aceitação do povo. Provavelmente, sentiu uma profunda vergonha, e tal hora foi oferecida pelos pecados da impureza da carne; mas não sentiu vergonha se todos iriam o aceitar como Cristo. Cristo se despe para cada um de nós e tenta revelar-se totalmente a nós, é nós que muitas vezes viramos o rosto e não o olhamos, por vergonha d'Ele e de nós mesmo. Quando estamos próximo d'Ele, Ele nos acolhe, mas quase ninguém quer estar próximo d'Ele.
--Irmãos, agora olhando de maneira geral, o que notamos? Notamos que Cristo não cansa de se revelar a nós, mesmo mediante às iniqüidades, e aos pecados. Claro, entendam, quando pecamos, nós é que ficamos surdos, mas Deus não fica mudo. Jesus revela toda a sua majestade e ministério em meio às iniqüidades e pecados, não os d'Ele, pois não os tinha, mas os dos outros.
--Infelizmente, nós só queremos escutar aquilo que nos é fácil aos ouvidos e não aceitamos de bom grado aquilo que nos é falado com um tom de voz que não nos satisfaz. Desculpamo-nos que só por que um Padre ou um amigo foi ríspido para não escutar o que Ele, fala por meio dele, se é que me entendem. Muitas vezes, no nosso cotidiano, não temos um ouvido sensível, para perceber o sobrenatural naquilo que é natural. De perceber Aquele Que É (Iahweh) em meio àqueles que não são! Desculpamo-nos e nos escondemos na verdade, só por que nem sempre ela se manifesta pela boca de pessoas que não gostamos. Desculpa falar, mas é hipocrisia nossa escutar com mais afinco as palavras de certo sacerdote só por que ele é bem aparentado e excluir a de outros só por que ele parece um maltrapilho, ou é feio.
--É triste ver que fazemos acepção de pessoas, como São Paulo tanto recriminava, e escutamos àqueles quem nos apraz e desprezamos os outros. Tenhamos então a partir de hoje, a determinação de saber tudo escutar, para poder tudo guardar. Escutar e acolher, mesmo quando proclamadas por quem não gostamos, ou da maneira que não gostamos.
--O que vale mais então, prata não polida; ou esterco banhado em ouro?

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

"...Dai-lhes vós mesmos de comer..."

--“Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. Sendo a hora da já muito avançada, os discípulos aproximaram-se dele e disseram: ‘O lugar é deserto e a hora já muito avançada. Despede-os para que vão aos campos e povoados vizinhos e comprem para si o que comer’. Jesus lhes respondeu: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’. Disseram-lhe eles: ‘Iremos e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?’ Ele perguntou: ‘Quantos pães tendes? Ide ver’. Tendo-se informado, responderam: ‘Cinco, e dois peixes’. Ordenou-lhe então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E sentaram-se no chão, repartindo-se em grupos de cem e de cinqüenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes elevou eles os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães e deu-os aos discípulos para que lhos distribuíssem, e repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. E ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixes. E os que comeram dos pães eram cinco mil homens”. (Marcos 6: 34-44)


--O primeiro fato que devemos atentar em tal passagem é que “Jesus olha para aquela multidão e sentiu compaixão dela”. Quem dera que fossemos como Jesus, olhássemos para as multidões e tivéssemos compaixão dela. É triste vermos tantas pessoas que andam como “ovelha sem pastor”. Pessoas que ficam vagando em busca da felicidade, em busca de “deuses”, coisas que as completem. Uns dias atrás, fui ao shopping. Na época, estava um filme sendo lançado e alguns amigos meus iam assistir, ai eu fiquei observando aquela multidão de jovens, todos vestidos com as roupas dos personagens, etc. (Não estou criticando, mas estou analisando um caso entre outros vários que acontecem); e me lembrei rapidamente: “E Jesus teve compaixão deles, pois eram como ovelhas sem pastores”. Fiquei a me questionar quantos estavam ali buscando, diretamente ou indiretamente, um sentido pra vida. Quantos ali estavam ali se deixando levar pelos “ventos do mundo”?!
--A minha atitude muitas vezes quando vejo a multidão não é de compaixão; mas, de certo modo, de critica. Pois digo, comigo mesmo, que elas deveriam procurar um verdadeiro objetivo na vida, uma coisa que não passa. Apesar de minha indagação interior ser relevante e até de boa fé, porém a atitude certa não seria a de julgamento; mas de compaixão. Olhar para aquela gente e saber que elas têm uma história, que são pessoas normais cheias de traumas e dificuldade, cheias de amor e de alegria, também. Então, Jesus, na atitude de compaixão, o que faz? Fica inerte? Não, pelo contrário, Ele foi e ensinou-lhes muitas coisas. Ele falou aquilo que tinha que ser falado de maneira simples e humilde, de tal forma que todos escutaram. Dera nós fossemos como Jesus, ao ver as pessoas buscando essas vãs alegrias deveríamos ensinar onde está a verdadeira felicidade.
--Outro fato curioso é o da multiplicação do Pão, propriamente dito, e suas conseqüências. Primeiro os discípulos, como “aspirantes” de seguidores de Jesus (digo aspirantes, pois eles só foram compreender claramente a mensagem messiânica após estarem cheios do Espírito Santo, Paulo afirma que essa efusão ocorreu no Pentecoste; já João afirma que essa inspiração, esse Ruah, foi em uma das aparições de Jesus ressuscitado), começam a notar, como conseqüência de um coração sensível e preocupado com os outros, que as pessoas possivelmente estão com fome, pois é “já era tarde”. Os apóstolos, vejo eu, que tomaram ao fundo a profundidade antropológica do ensinamento de Jesus e entenderam que as pessoas, mesmo aquelas que seguem Jesus, continuam sendo pessoas e tem necessidade, sejam elas físicas, psicológicas ou espirituais.
--Mas logo após essa profunda atitude de compaixão da parte dos apóstolos, eles mostram que ainda não estão completamente entendidos das coisas de Jesus: “Disseram: ‘O lugar é deserto e a hora já muito avançada. Despede-os para que vão aos campos e povoados vizinhos e comprem para si o que comer’”. E logo Jesus responde: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Eles então, confusos com a afirmação: “Iremos e compraremos duzentos denários de pão para dar-lhes de comer?”. Ao analisar tal ato deles de pergunta se devem comprar os pães, vejo neles a nossa humanidade ainda manchada pelo apego as coisas do mundo; pois queremos resolver tudo a partir da matéria (no caso, do dinheiro), e não temos, por conseguinte, um aprofundamento nas coisas de Deus.
--Jesus diz: “Dai-lhes vós mesmo de comer”. Revela por fim a missão dos apóstolos de Igreja, convida aos apóstolos a dividir o pão; convida a todos comerem, porém o apóstolos a dividirem, revelando a necessidade um órgão organizador (para aqueles que dizem que não precisa de Igreja...). Vejo já como uma profecia do trabalho pastoral que os apóstolos farão. Com a partilha do pão eucarístico e com a partilha do pão material, Jesus revela a profunda relação de nossa caminhada espiritual com a nossa vida cotidiana. Revela-nos que devemos olhar para o alto e almejar às coisas do alto, mas não devemos tirar os pés do chão. Mas também revela que: primeiro as coisas do alto e o resto vos será acrescentado (Cf. Mat 6: 25-33).
--Jesus, então pergunta: “Quantos pães tendes? Ide ver.”. Jesus insiste que as coisas não se resolvem segundo as ordens do mundo, mas os Filhos da Luz devem agir e resolver tudo segundo as ordens do alto. Logo a surpresa toma de conta, uma criança tem cinco pães e dois peixes. Esses pães e peixe são, então, divididos e partilhados por todos. Refiro-me à surpresa não pelo milagre em si, mas principalmente por dois fatos: os pães e peixes vem de uma criança, que não tinha lugar nessa sociedade, ninguém esperava nada das crianças; e outro fato consideravelmente importante é a organização das pessoas e a partilha do pão.
--Segundo uma visão complementar agora, notamos que primeiro Jesus manda procurar os pães e eles acham o alimento exatamente de quem não esperava: de uma criança. As pessoas são convidadas a sentarem em grupos de pessoas e então o pão é dividido, multiplicado e partilhado. Com isso, Jesus nos revela que devemos buscar primeiro às coisas do alto, e essas coisas do alto busca-la nas coisas pequenas aqui da terra. Revela, também, que nada faltará com organização e partilha.
--Como diz a Bem-Aventurada Mãe Igreja, em uma de suas orações eucarísticas “caminhando em meio às coisas que passam, busquemos às que não passam”. E isso não nos tira o compromisso de buscá-la em nossas ocupações, em nossos trabalhos e em nossa vida cotidiana. Deus não nos convida a fugir de nossa vida; mas nos convida a santifica-la segundo a ordem do desejo d’Ele. E, por fim, na ordem desse desejo é que se consuma nossa felicidade e complementaridade.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"...E vós, quem dizeis que Eu sou?..."

-- Jesus sabia que estava causando polêmica. Ele sabia que o que Ele falava estava causando agitação nos corações. Por que é assim, não é? Quando vemos a verdade, ela é como um "pipoco" em nosso coração. Ela meche com nossas estruturas e não nos deixa igual, por isso já proclamava a Santa Igreja: "Tua palavra, em meu coração, é como chuva; passa e deixa suas marcas!". Então, com uma entoação de questionamento Ele pergunta: "O que dizem as multidões sobre mim?". É interessante notarmos que já existia na época a velha fofoca. O dizer popular que a ninguém escapa. E esse dizer atingiu até o próprio Cristo. O mais interessante não é a primeira pergunta de Jesus, mas a segunda: "E vós o que dizeis que Eu sou?!"
-- A meu ver, Ele pergunta isso para ver como está o coração dos Apóstolos, eles que muitas vezes não entendiam o que falava Jesus. Então, ele vem com essa pergunta inquietante: "E vós quem dizeis que Eu sou?!...". O que você responderia? Talvez hoje responderíamos: "Senhor és nossa vida, nosso Amor, nosso Bem Querer, nosso Deus". E provavelmente agiríamos como Pedro, nós o negaríamos até três vezes!
-- Outros diriam: "Senhor, vós sois O Caminho, A Verdade e A Vida!". Mas essa é a questão da atualidade: "Qual o caminho, O que é a verdade e Vida, o que é?!". Infelizmente, hoje vivemos numa profanação do Sagrado, uma conturbação de valores. E tudo isso por causa da, como disse o bem-aventurado Papa João Paulo II, "Ditadura do Relativismo!".
-- Hoje, tudo é relativo, nada é absoluto. Existem vários caminhos, pois todos estão certos. O que está certo é para mim e não para você. Então, torna-se absoluto o meu relativo e esse meu relativo já não é relativo, mas absoluto em si mesmo! Esse mal da sociedade atual é uma questão filosófica fácil de ser discutida, porém difícil de ser debatida. Pois, a partir do momento em que negamos uma base absoluta, como conseguiremos "um chão de apoio para pular?!". Eis que vos falarei a realidade: O relativismo filosófico é mais uma tentativa do homem de ser deus! Pois ele se torna absoluto e torna-se inexorável sob a sua perspectiva. "Verdade" irrevogável da ignorância! Mais uma vez a necessidade do homem de querer ser deus.
-- O relativismo filosófico é em si mesmo (desculpa ser tão claro, mas essa é a verdade) burro! Ele não nos leva ao desenvolvimento intelectual (falando apenas como um ateu) e (falando agora como um verdadeiro católico) não nos leva ao aprofundamento mistagógico (mistagogia = adentrar no mistério). Ele nos leva uma verdadeira dubiedade: Se Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida; como existem vários caminhos, várias verdades e varias vidas??!!
-- De fato, isso era esperado, pois o caminho é estreito (Mateus 7: 13-14); e é muito mais fácil conforma o caminho consigo do que se conformar ao caminho! Infelizmente, principalmente no renascimento, foi pregado a Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Tais propostas são inovadoras e até interessantes, mas, com exceção da Fraternidade, são confusas, dúbias e obscuras.
-- Como viver a igualdade, se todos somos diferentes e cada um de nós temos nossas perspectivas, então gera-se uma deformação de caráter, pois todos temos que ser igual. Porém a verdadeira igualdade não se prega a partir de um molde preparado; mas pela aceitação das diferenças e do Amor fraterno.
-- Que liberdade é essa que aprisiona? Não queria dizer libertinagem? Pois é hoje o fruto que vejo do renascimento. Como eles disseram: "Queremos nos libertar dos laços da Igreja". Pra que? Pra se lançar nos laços do pecado e da libertinagem. Para justificar suas obras más. Para disfarçar de bom aquilo que na sua essência não é! Bem-aventurado João que disse que a "Luz veio ao mundo e os que não estavam na Luz, eram filhos das trevas, queriam expulsar a Luz por que ela denunciava as más obras dos filhos do mundo e é nisso que consiste a perdição" (Cf. João 3: 19-21). E é isso mesmo, queremos conformar a realidade de Cristo a nossa, por que, por pura preguiça e conformidade, não agüentamos nos conformar a forma do Crucificado.
-- Filhos, como querer largar a Cruz, se ela, apesar de dolorosa, é o caminho da salvação! O caminho é estreito e único, conformai-vos com ele! (Mateus 7: 13 - 14). Até quando tentaremos dizer que existe vários caminhos?
-- O pecado é literalmente como a escuridão, quanto mais adentramos nele, mais ficamos cegos e desorientados. E quando estamos a muito tempo sem ver a Luz e quando Ela aparece, qual a nossa reação imediata? Fugimos dela, pois ela irrita nossos olhos! Mas depois nossos olhos se conformam com Ela, e é nisso que consiste seguir a Cristo: deixar que nossos olhos se conformem com a Luz dele! E é interessante notarmos que já não seremos mais apenas observadores da Luz, mas nós seremos transparentes e deixaremos que essa Luz transpasse-nos. Assim como aconteceu com Moisés, que resplendia a santidade em seu rosto ao ponto de ele literalmente ser iluminado, Jesus nos promete: "Vós sois a Luz do mundo!" (Cf. Mateus 5: 14).
-- A vós chamo a verdade, para que saiam da ignorância do relativismo. De fato, não devemos dizer que tudo é absoluto; pois existem coisas relativas, na superfície. Mas tudo em sua essência é absoluta. Já dizia Santo Agostinho: Se um coisa não é boa sob uma perspectiva, ela deixa de ser boa, pois já não é boa em sua essência. De fato, se algo é bom, é bom na plenitude! Santo Agostinho chegava a dizer que o que é ruim não existe (Pode parecer uma absurdo, mas se meditarmos, o que é difícil para a sociedade atual, veremos que é verdade). O que ele quis dizer é que o que é mal é a busca pela inexistência. É a busca pelo vazio, pelo nada! Então tudo que há é bom e o que é mal não há. De fato vemos que se buscamos a Deus, buscamos o Tudo; mas se não o buscamos, nada buscamos; buscamos a inexistência (a morte de espírito).
-- A vós só tenho um desejo: A felicidade na plenitude, destino do qual fomos criados!


Obs.: Por experiência própria, falo que é muito melhor está acorrentado a Jesus; do que preso ao mundo!

sexta-feira, 27 de março de 2009

"...E tu, o que fazes por sua Igreja?!"

--"Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, aonde vais tu? Respondeu-lhe Jesus: Para onde vou não podes tu agora seguir-me, mas seguir-me-ás mais tarde. Disse-lhe Pedro: Por que não posso eu seguir-te agora? Darei a minha vida por ti. Jesus respondeu-lhe: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo sem que me tenhas negado três vezes." (João 13: 36-38).
--Essa passagem é uma forte exortação de Jesus. Antes de tudo, releia calmamente.
--"Por que não posso seguir-te agora?!". Essa indagação de Pedro é pertinente e bastante curiosa; revela ansiedade, e até mesmo uma atitude sem pensar. Porém, Jesus, conhecedor da verdade plena, fala-o: "Não cantará o galo três vezes e me negarás!". Jesus pergunta, antes: "Darás a minha vida por mim?", com essa indagação ele deve ter penetrado no íntimo de Pedro e essa pergunta deve ter ressoado no peito dele: "Darás a vida por mim?, Darás a vida por mim?...".
A exortação que falo é esta: Quantas vezes, por emoção declaramos que daríamos a vida por Jesus? Quantas vezes fazemos promessas a Ele que não nos empenhamos fielmente a fazer? Quantas vezes tomamos decisões inseguras, incertas e imprecisas; por pensar que as atitudes, junto a Cristo, são momentâneas? Ai de nós... Jesus fala "vós ainda não podeis fazer isso". Isso é uma grande atitude de amor e de respeito, pois, nesse momento em especial, Jesus coloca-se profundamente entendedor da humanidade, e não quereria infligi-la por uma atitude de emoção. Ele sabia que um dia seus discípulos derramariam o sangue por amor a Ele, mas ainda não era tempo, eles ainda não estavam preparados (Notemos que os discípulos só tiveram a coragem de anunciar, com intrepidez, o Evangelho quando foram ungidos pelo Espírito Santo, ate então não entendiam perfeitamente o Evangelho. Só com o auxílio do Divino Espírito podemos entender e amar Jesus). Jesus, resumindo, disse: Não tenham pressa, cada coisa no seu tempo.
--O fato de deixarmo-nos agir por paixões de sentimentos mostra-nos o quanto ainda precisamos seguir a Cristo com fidelidade, precisamos nos converter, pois a atitude de pegar a Cruz não pode ser tomada de uma hora pra outra. Tomar a Cruz às costas é uma atitude para a vida, e não apenas um sentimentalismo ou algo impulsionado pelo desejo de querer dar a vida por Deus, desejo esse que muitas vezes não nos é tão claro, já que não se torna ação verdadeira de vida. Quando falo isso, não falo que o desejo de seguir a Jesus em sua Cruz não deve ser desejado; mas não é o nosso desejo que nos permite isso, é a simples misericórdia de Deus. Pois o Amor que temos a dar pra Deus, só é válido quando provém do próprio Deus, e esse movimento de Amor é permitido graças ao Divino Espírito.
--Falando em misericórdia, tenho que atentar para um fato: muitas pessoas se indagam, principalmente com relação ao uso de sacramentais, crucifixos e outros sinais externos, que eram para demonstrar um verdadeiro testemunho, sobre a dignidade do uso de tais artefatos. Quando perguntamos: "Cadê teu Tau?", respondem: "Não uso, pois não sou digno". Atentemos para isso, pois tal resposta é infeliz, pois digno, digno mesmo, não somos nem da vida já que está é-nos dada por misericórdia, e nem por isso essas pessoas deixam de ter o desejo ardente de viver. Cuidemo-nos, pois, muitas vezes, isso é o medo de dar o testemunho, de seguir a frente, de cumprir, aos olhos da sociedade, o compromisso que fizeste com Cristo. Falar que não somos dignos é verdade à medida que não envolvemos a misericórdia de Deus, pois, a partir do momento que clamamos a misericórdia de Deus, seria até mesmo um sacrilégio contra Jesus Crucificado declararmo-nos indigno, pois "Deus mandou seu Filho Unigênito para que todo aquele que n'Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna". (Cf. João 3:16), somos dignos pelo próprio Sangue de Jesus, na qual Ele nos remiu.
--De fato somo fracos ao seguirmos Jesus, e é nisso que consiste a verdadeira humildade: Nada querer ter, nem mesmo forças, para ver que toda a sua força está em Cristo. Quando Cristo pergunta a Pedro "Darás a vida por mim." é isto que Ele quer mostrar: teus pés ainda não estão sobre a pedra, a rejeitada que tornou-se a pedra angular. Esse mesmo Pedro, que fez grandes promessas de amor, mas que negou Jesus três vezes e que, por falta de sabedoria divina, queria que Jesus não fosse à Cruz (Cf. Mateus 16:21-25), foi o mesmo que se entregou por Jesus, e junto a Ele, numa Cruz. Deu um verdadeiro testemunho de fé, claro, quando chegou a hora, quando sabia que passos ele estava dando. E, antes de morrer, deu testemunho grande de fé ao sustentar, por ordem de Cristo (Mateus 16:18), a Igreja que Jesus queria por seu corpo místico.
A ordem, dada a Pedro, estende-se a todos nós da Igreja: "Sobre ti, edificarei a minha Igreja". E nós muitas vezes negamo-a, simplesmente por 'amor' as nossas convicções, note que não escrevi 'amor' com letra maiúsculo, visto que esse 'amor' não é verdadeiro, pois não há um desejo ardente de ser doar, mas quer ficar somente em si mesmo. Uma vez, ouvi numa pregação do Pe. Roberto (Fundador da Fraternidade Toca de Assis) ele falar que "a barca de Pedro está sendo destruída por dentro". Onde está o testemunho de fé? Onde vemos o amor ardente à Sagrada Eucaristia? Onde vemos sacerdotes que são inflamados por seu ministério? Onde vemos fieis que desejam o Cristo mais do que a própria vida? (Não digo que não existe, mas digo que é pouco).
--A pergunta pra você é: "Até quando irás dizer que conhece a Jesus por palavras, e o negará por atos" (Cf Tito 1: 15-16). E tu, o que fazes, hoje, por sua Igreja. Falo sua não para individualizar; como nossa mente, permeada de uma vivencia capitalista de tudo, tende a ser; mas para falar que a Igreja Católica é SUA!
--Pelo contrário, é muito mais fácil notarmos pessoas que, por um prazer sádico (desculpa a palavra), falam mal da Igreja e continuam a participar das missas, comungarem e, em alguns casos, a celebrarem. Quando quebrantarás a nossa hipocrisia, oh Senhor? Quando tu negar-nos-á, pois o negamos aqui na terra!
--Abro revistas, televisões, jornais, internet e tornou-se grande chamariz dos leitores a crítica a Igreja Romana. O pior é que muitas dessas críticas partem de corações que lotam as igrejas, estruturais é claro, pois a Igreja Celeste é formada por um povo santo; são os próprios católicos que estão a criticar a sua Igreja, e criticas sem fundamento algum e, muitas vezes, pelo simples fato de criticar e falar mal. As pessoas praticam suas iniqüidades e, por verem que a Igreja não balança junto ao remecher da sociedade, sente-se ameaçadas pela verdade. "A condenação está nisto: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más". (João 3: 19). As pessoas querem a Igreja sejam a favor de coisas erradas somente pelo fato de quererem que suas consciências fiquem "tranqüilas" ao praticarem suas iniqüidades.
--Eis que a Igreja foi criada pelo próprio Cristo foi fundada para dar testemunho da verdade, e assim sendo não poderia ser diferente. E conhecemos a Igreja pelos frutos que ela deu: Quantos mártires? Qual a maior influência na formação ética da sociedade? Qual o maior órgão caritativo do mundo? Quantas pessoas tiveram mentes brilhantes pelo simples testemunho da fé (Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, São Francisco, São Pe. Pio, São Pedro Julião Eymard...)? Eis que o testemunho da verdade é pleno, quando digo pleno não digo que invariável, visto que o Espírito Santo age de acordo com a necessidade (Agiu em São Francisco diferente de Santo Agostinho, que foi diferente de São Tomás de Aquino, etc. E nem por isso deixa de ser o Espírito a ungir a mostrar o caminho. São caminhos aparentemente diferentes, por virtude da época, circunstancias, etc, porém todos fundados no mesmo caminho: Cristo Jesus (Cf. João 14:6)). Porventura, pode de uma fonte jorrar água doce e água salgada? Claro que não, então como poderias a Igreja ser fonte de vida e de morte (visto que a mentira tem como conseqüência final a morte) como alguns professam? Tirando que criticar a Igreja é duvidar do ministério de Pedro, que foi entregue pelo próprio Cristo.
--Então temos que saber onde está o nosso coração. Pois onde está o nosso tesouro, ai, também, está o nosso coração (Mateus 6: 21). Temos que nos decidir firmemente onde queremos entregar nossa vida e ter a coragem final de gritar, como São Francisco: "O Amor não é Amado, O Amor não é Amado!!!!".

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

"...O mistério da Cruz, ainda, não terminou!"



“Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará o homem em troca da sua vida?” (Marcos 8: 34-37)

Nesse testemunho evangélico de São Marcos é interessantíssimo notarmos a necessidade de carregar sua Cruz para ser um verdadeiro discípulo de Jesus. Isso nos traz como referencia um grande amor ao sofrimento, crendo que ele é necessário para a purificação da alma. Assim como o fogo prova o ferro e dele tira as impurezas, é nas puras brasas do sofrimento que nossa alma é desnudada e revela-se como realmente a é. É interessante, também, como é colocado em secundário o amor próprio, pois esse é detrimento da alma, que só frutificada pela caridade.

Apesar de já ter lido Irmão de Assis todo e está na metade de Obra Completas Franciscanas, e ainda não tinha entendido a profundidade apostólica da espiritualidade do Pai Francisco. Como esse filho tão lindo conseguiu abraçar sua Cruz e nele ser glorioso, mesmo sendo o último dos homens. À luz de São Francisco vejo com muito mais clareza a glória de Jesus, pois o Santo nos revelou que a verdadeira glória de Jesus está na Cruz em que Ele foi crucificado, e que só pode ressuscitar quem passou pelo sofrimento da Cruz. Então, chegamos a conclusão que a glória maior de Cristo está em sua cruz sagrada e, principalmente, sangrada!

Ver que São Francisco carregou sua Cruz com amor e devoção não me leva a adora-lo, como muito irmãos rotulam-nos; mas me leva a ver com muito mais clareza a complexidade do plano de Deus e aprimora o meu amor por Jesus e por sua Cruz.

É verdade que me motivo principal de escrever-vos isso não entrou, ainda no seu ápice. O que me chamou mais atenção hoje, que ainda não havia passado por meu coração (talvez houvesse passado por minha cabeça; mas não, ainda, por meu coração), é o fato de o Evangelho estar vivo. Ele ainda acontece em meio a nós. As curas, os milagres, os desprezos, os amores, os leprosos, os cegos, os apóstolos, os caminhos, os desertos... E tudo isso me leva a ver como, ainda, Jesus está verdadeiramente vivo, vivendo tudo e renovando tudo. Isso me leva, também, a ver a infalibilidade do mistério da Cruz que é renovado na Santa Missa. A necessidade de o mistério evangélico não terminar!

Diante os planos divinos, hoje vejo com clareza suficiente para falar a todos, o porquê dos santos. Eles vivem e revivem o Cristo que não está morto. Novos apóstolos, novo povo, povo santo; são provas vivas do amor de Jesus e, muito mais que palavras, usam a própria vida pra nos falar disso. Como não admirar-me com pessoas que, sem nada pedir em troca e com uma fé impressionante, seguiram fielmente tudo aquilo que está escrito no evangelho. Elas, em suas respectivas vidas, admitiram Jesus e viveram os próprios mistérios que Jesus viveu, cumprindo, assim, o que o próprio Cristo falou em seu Evangelho: “Muitos viram e farão mais do que eu fiz”. Claro que os santos não fizeram nada por mérito próprio, mas com a divina misericórdia de Deus, e eles eram cientes de tal fato.

E o que só vem a confirmar tão grandioso ato é o fato de não haver falhas em tal doutrina (católica). Ao lermos um pouco mais sobre a bíblia e a vida dos santos, vemos que se encaixam perfeitamente e complementam-se. Os verdadeiros santo, não só aquele que a Igreja atestou que são santos, pois a Santíssima Sede Apostólica, por limitações humanas, não tem acesso a todas as pessoas, são provas vivas, ou na terra ou no céu, de que o mistério do Evangelho ainda é recorrente em nossa vida. Como o mistério evangélico concentra-se na Cruz, não é de se admirar que o mistério de tantos santos rodem ao redor da sua Cruz.

Talvez não notemos, mas os cegos ainda hoje clamam por cura, nos irmãos que pedem esmola; os leprosos de antigamente são desprezados nos presídios de hoje; os doutores da lei, fazem o mesmo que antes faziam: “roubam” o dinheiro do povo; os fariseus crucificam Jesus, nos mais pobres.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

"... O Santo Martírio seria uma caricia de Jesus..."


- "É viva a Palavra quando são as obras que falam." (Santo Antônio)
- Como poderia dizer diferente nosso grande irmão Antônio, se, até o fim de sua vida procurou seguir fielmente todo o Santo Evangelho? Grande pregador, mas, muito antes, viveu aquilo que Deus propôs à sua vida. É por isso que sua palavra era escutada pelo coração das pessoas, pois não falava com sua boca, mas a sua vida era uma verdadeira dádiva de Deus, uma verdadeira oferenda às caricias do Pai.
- Um coração que adorou o Pai literalmente e que queria unir-se a Cristo, mesmo quando Ele fosse à cruz. Apaixonou-se pela vida franciscana ao ver os seguidores de Jesus Cristo por meio de Francisco indo para o Marrocos louvando e bendizendo graças ao Pai. Se acabasse aqui, seria uma coisa impressionante, mas ainda aceitável; mas o que nos é admirável é saber que os franciscanos louvavam mesmo sabendo que era certo o Martírio, e foi isso que apaixonou o pequeno coração de nosso Irmão. O mistério do Martírio esteve pregado fielmente à sua alma, apesar de não ter sido um Mártir, pois estava preparado para ser Imolado junto a Cristo, se fosse da vontade de Deus.
- "Ó meu Senhor Jesus, eu estou pronto a seguir-te mesmo no cárcere, mesmo até a morte, a imolar a minha vida por teu amor, porque sacrificaste a tua vida por nós." (Santo Antônio)
- Não viveu, se não para a glória de Deus. Em tudo era humilde e em tudo procurava ser apegado a Cristo. Viveu a pobreza, a Castidade e a Obediência e sem elas não viveria. Por sua vida ser um "evangelho ambulante" ele, em suas pregações, chegou a converter quase cidades inteiras. Verdadeira multidões se ajuntavam para escutar as palavras do Santo. Antes de ser conhecido, poucas eram as pessoas que o escutavam, podemos notar isso quando o Santo quer pregar e ninguém se dispõe a escutar. Mas ele, com sabedoria, se bota perto ao Mar e prega aos Peixes, dizendo: "Se os filhos de Deus não escutam Sua palavras, as criaturas de Deus hão de escutar". E foi assim um dos milagres mais conhecidos do Santo. Mas não devemos nos apegar somente aos milagres dele, pois isso é consequência de toda a sua vida santa. Os milagres de Santo Antônio devem, também, ser meditados atualmente e ver o que Cristo quer nos dizer com isso.
- Outro milagre de nosso grande Santo é a do Burro que não deixou de adorar Jesus Sacramentado. É interessante notarmos, que Antônio não eleva o burro à condição humana, mas nos mostra que muitas vezes somos piores que burros, pois não damos o valor necessário a Jesus escondido no Véu do Altar. Santo Antônio era um verdadeiro adorador. Voltando à frase do começo, podemos notar que ele também não restringia sua adoração à oração, mas em verdadeiros atos de Amor. Doou sua vida para libertar os presos por causa de dívidas, pois sabia "que a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro." (cf. I Timoteo 6:10).
- Em contato íntimo com o Menino Jesus, soube reconhecer como viver com o espírito de criança. Conheceu Maria em todos os seus gracejos e recebia do próprio colo da Mão o Menino Jesus.